quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Seu cú!

Domingos Rodrigues dos Santos, o Domingo Doido
Antes de qualquer coisa, devo esclarecer o título acima, que talvez não seja o mais apropriado e cause assim certa rejeição por algumas pessoas, no entanto, o termo “seu cú!” não é para ofender a ninguém, é, simplesmente, uma maneira de referenciar um amigo do povo, que por anos arrancou sorrisos e gargalhadas de muitos curaçaenses. 

Eu poderia colocar “sua mãe”, “vá pá porra” ou descrever um de seus gestos obscenos, mas “seu cú” é mais direto e objetivo, e para quem tinha deficiência em falar, essas palavras saiam direitinho, em alto e em bom tom, mas tenho certeza que elas não vinham acompanhadas de nenhuma maldade, pelo contrário, era apenas uma das formas de carinho e de representação de amor que uma pessoa tachada como louco poderia manifestar. Estou me referindo a Domingos Rodrigues dos Santos, o Domingo Doido, o Domingão. Quem mora ou quem morou em Curaçá se lembra e, com certeza, sabe uma ou outra história dele. 

Quase dez anos se passaram desde quando Domingos sumiu mundo afora levando consigo a nossa alegria e deixando um monte de saudades. Por onde anda, eu não sei, porém ele vive em mim e em muitos amigos. Sempre, quando estamos reunidos, nos deparamos falando de suas presepadas e de seus diálogos. 

- Que dia é hoje Domingos? 

- É eu! 

Dia de ‘Domingos’ era todo dia! Quem viveu esse tempo vai lembrar-se do sorriso fácil que ele arrancava da gente todos os dias da semana. 

- A camisa é de Teco! 

- Vá pá porra! 

Salve, salve Domingão. Esteja onde estiver você sempre estará presente nos corações curaçaenses. Suas histórias sempre serão lembradas por nós que vivemos pertinho de você e, certamente, serão contempladas por nossos filhos e netos, pois cabe a nós manter viva a sua memória. É assim que pessoas ficam eternas, viram heróis e vivem para sempre. 


* O trecho acima faz parte do perfil de Domingos Rodrigues dos Santos, o Domingão. Por Luciano Lugori.

2 comentários:

  1. Domingos fez parte daquelas criaturas que nos permite refletir, circunstância tão incomum no mundo de hoje. Impossível esquecer ser jeito sorrateiro, seu sorriso-gargalhada, sua mão estendida. Todavia, o que traz a reflexão era seu olhar humilde, quase uma súplica. E sua condição de indefeso diante de nossas arrogâncias. Em qualquer ambiente chegava acanhado, tímido, como se pedindo permissão para entrar. Se, como dizem, os olhos são a janela da alma, vi isto muito nítido na humildade do olhar de Domingos. Parabéns pelo perfil, Luciano Lugori.

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    1. Grande Walter, seus comentários são sempre enriquecedores. Valeu pelas contribuições. Domingos, certamente, é uma figura inesquecível.

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